Relatos como estes que me encorajam a continuar tal pesquisa. A arte de navegar com canoas caiçaras.
(trecho de acervo de levantamento tecnico de campo do Projeto Circuito Tambor)
....... Houve um caso muito interessante (entre outros) onde este conhecimento de navegação permacultora deste povo pode ser explorado.
Em um dia de pescaria, alguns destes navegantes estavam com uma baleeira com um pequeno motor e uma canoa (caíco
) no reboque. Em certo momento o eixo do barco se partiu e o barco a teve que ser fundeado em local seguro (embate) e depois encostado em uma faixa de terra, Já encalhado e seguro o comandante (ancião) deu as ordens:
___Você façam assim, assim e assim. Você vá fazer a comida e pegar água. E você pega a canoa, volta à cidade, compra a peça que quebrou e volta para cá. O jovem marinheiro, o terceiro, lançou mão do remo e se dirigiu a canoa... Foi interrompido pelo ancião.
___ Aonde você vai?
___ Vou para a cidade comprar a peça, disse o jovem caiçara. O velho navegante, o orientou:
___ Você vai descansar um pouco. Quando der tal hora com o sol em tal posição a Maré mudará, aí você seguirá para Norte ainda com sol (no carvo do dia) até encontrar um redemoinho. No redemoinho vire (arrodie) para BB usando a força do turbilhão e siga até tal lugar, já estará anoitecendo (na boca da noite), então preste atenção ao som das ondas batendo nas pedras em tal lugar, quando não ouvir mais o som, atravesse o canal, prenda a canoas, procure pelo compadre fulano de tal que ele se encarregara de preparar tudo. Quando terminar volte para casa e vá dormir. Só saia de lá tal hora com a maré tal, passe rente aos redemoinhos do lado da casa do fulano de tal e quando estiver próximo ao ponto tal jogue (apinche) o ferro e vá descansar... O mar vai se levantar, cuidado para não perder (não arrelá) a peças. Quando o passarinho cantar puxe o ferro e venha com remadas fortes (aperte o remo) até a areia, a maré fará o resto. Você entendeu menino? Não esqueça faça exatamente como te falei. Vá com Deus. O jovem, hoje um varão disse, e não é que cheguei no local e horário que chegaria?
Em um dia de pescaria, alguns destes navegantes estavam com uma baleeira com um pequeno motor e uma canoa (caíco
___Você façam assim, assim e assim. Você vá fazer a comida e pegar água. E você pega a canoa, volta à cidade, compra a peça que quebrou e volta para cá. O jovem marinheiro, o terceiro, lançou mão do remo e se dirigiu a canoa... Foi interrompido pelo ancião.
___ Aonde você vai?
___ Vou para a cidade comprar a peça, disse o jovem caiçara. O velho navegante, o orientou:
___ Você vai descansar um pouco. Quando der tal hora com o sol em tal posição a Maré mudará, aí você seguirá para Norte ainda com sol (no carvo do dia) até encontrar um redemoinho. No redemoinho vire (arrodie) para BB usando a força do turbilhão e siga até tal lugar, já estará anoitecendo (na boca da noite), então preste atenção ao som das ondas batendo nas pedras em tal lugar, quando não ouvir mais o som, atravesse o canal, prenda a canoas, procure pelo compadre fulano de tal que ele se encarregara de preparar tudo. Quando terminar volte para casa e vá dormir. Só saia de lá tal hora com a maré tal, passe rente aos redemoinhos do lado da casa do fulano de tal e quando estiver próximo ao ponto tal jogue (apinche) o ferro e vá descansar... O mar vai se levantar, cuidado para não perder (não arrelá) a peças. Quando o passarinho cantar puxe o ferro e venha com remadas fortes (aperte o remo) até a areia, a maré fará o resto. Você entendeu menino? Não esqueça faça exatamente como te falei. Vá com Deus. O jovem, hoje um varão disse, e não é que cheguei no local e horário que chegaria?
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